Em 2023, a Amazônia enfrentou uma das secas mais severas de sua história recente, resultando em consequências devastadoras para a região. Em Tefé-AM, por exemplo, a seca extrema causou a morte de mais de 200 botos, ressaltando a necessidade urgente de investigar as causas e planejar ações preventivas. Em parceria com o Instituto Mamirauá e outras instituições, a Aqua Viridi tem se empenhado ativamente no apoio a essas iniciativas, atuando em duas frentes principais: i) participação em debates estratégicos e ii) monitoramento dos ambientes aquáticos.
Foto: Fabrício Cavalcante
Nos debates estratégicos organizados pelo Instituto Mamirauá, o objetivo é, junto a outros pesquisadores, traçar e implementar estratégias eficazes para enfrentar eventos climáticos extremos. Raize Mendes, nossa CTO, participou da 20ª SIMCON no início de agosto, onde destacou a importância das discussões:
“Para nós da Aqua Viridi, essa contribuição é de extrema relevância, considerando a importância dos ambientes aquáticos, seja em Tefé ou em qualquer outro lugar, para os serviços ecossistêmicos na Amazônia e para a preservação da vida.”
Paralelamente, a Aqua Viridi também está envolvida no monitoramento ambiental do lago Tefé. Nossa equipe possui vasta expertise em serviços ambientais associados a ambientes aquáticos na Amazônia, tendo conduzido diversos projetos para empreendimentos variados, desde dragagens de hidrovias até linhas de transmissão. Composta por mestres e doutores em Biologia de Água Doce, nossa equipe aplica seu vasto e sólido conhecimento na criação de pacotes de serviços inovadores na avaliação e monitoramento de ambientes aquáticos. Esse know-how permitiu à Aqua Viridi planejar e executar o monitoramento ambiental do lago Tefé, com foco na comunidade fitoplanctônica.
Foto: Fabrício Cavalcante
O principal objetivo desse monitoramento é observar a variação na composição da comunidade fitoplanctônica e agir preventivamente caso sejam detectados indícios de uma nova floração de microalgas potencialmente nocivas. Em outubro de 2023, no “epicentro” do evento de Seca Extrema no lago Tefé, realizamos uma primeira coleta de dados, incluindo medições de parâmetros de qualidade da água, como oxigênio dissolvido e pH. Foi nessa ocasião que identificamos a primeira floração de Euglena sanguínea no lago Tefé, mais informações sobre essa floração podem ser acessadas no texto de nossa CTO Raize Mendes em nosso blog clicando aqui.
Em continuidade a esse trabalho, entre os dias 12 e 16 de agosto de 2024, a nossa bióloga e CTO Raize Mendes se deslocou para Tefé/AM para compor a equipe que está realizando o monitoramento do lago Tefé, o foco foi realizar amostragens da comunidade fitoplanctônica de maneira prévia ao pico de seca na Amazônia, que acontece entre os meses de setembro e outubro nessa região, para avaliar a composição dessa comunidade, bem como, verificar a possiblidade do aparecimento de uma nova floração. Adicionalmente, a avaliação da composição de espécies do fitoplâncton vai permitir uma análise da qualidade ecológica do lago, considerando que esses organismos são excelentes bioindicadores da qualidade ambiental, por estarem em contato direto e contínuo com a coluna d’ água respondem rapidamente a mudanças.
Foto: Fabrício Cavalcante
O próximo passo será retornar ao lago Tefé em outubro de 2024 para realizar novas amostragens durante o pico da seca, um ano após o evento extremo de 2023. Essa campanha permitirá uma comparação detalhada entre as amostragens realizadas em outubro de 2023, agosto de 2024 e outubro de 2024, contribuindo com dados robustos sobre a ecologia do lago e fornecendo subsídios valiosos para a tomada de decisões futuras. Esse monitoramento pioneiro não só oferece uma compreensão mais profunda das comunidades aquáticas, como também abre caminho para novas pesquisas na região, especialmente no lago Tefé.
Foto: Fabrício Cavalcante
Por fim, é crucial destacar que fenômenos como os observados no lago Tefé ressaltam a importância do monitoramento contínuo de ambientes aquáticos frente a eventos climáticos extremos. A coleta contínua de dados permite identificar precocemente alterações nos ecossistemas, como mudanças na qualidade da água e deslocamento de espécies, proporcionando uma base sólida para a criação de políticas públicas que protejam os recursos aquáticos e as comunidades que deles dependem. Sem esse monitoramento, a capacidade de resposta a crises ambientais é significativamente limitada, elevando o risco de perda de biodiversidade e degradação ambiental. Diante desses desafios, a Aqua Viridi permanece firmemente comprometida com a preservação dos serviços ecossistêmicos da Amazônia, aplicando as lições aprendidas em 2023 para mitigar futuros impactos e garantir a sustentabilidade dos ecossistemas aquáticos Amazônicos.
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