Os ambientes lóticos desempenham um papel vital nos ciclos biogeoquímicos regionais e globais, fornecendo água para vários usos e suportando uma rica biodiversidade de peixes. Na imensa bacia Amazônica, o maior sistema lótico do mundo, os rios Amazonas e seus afluentes desempenham um papel central, caracterizados por uma complexa interação de processos físicos, químicos e biológicos. A diversidade de águas na Amazônia, incluindo águas brancas, pretas e claras, juntamente com a inundação anual da vasta planície de várzea, sustenta não apenas os ecossistemas, mas também a vida e as atividades dos habitantes locais.
No entanto, o rápido crescimento urbano, especialmente em cidades como Manaus, tem causado sérios impactos nos corpos d'água da região. O lançamento direto de esgoto não tratado nos cursos d'água resulta em problemas como eutrofização, onde o aumento de nutrientes leva ao crescimento excessivo de algas e plantas aquáticas, diminuindo os níveis de oxigênio na água. Isso se reflete em uma deterioração da qualidade da água ao longo do tempo, como indicado pelo aumento dos índices de condutividade elétrica e da demanda bioquímica de oxigênio.
A urbanização desenfreada agrava esses problemas, destacando a urgência de abordagens sustentáveis para a gestão dos recursos hídricos na Amazônia. Medidas eficazes de tratamento de esgoto e conservação ambiental são essenciais para proteger os ecossistemas aquáticos e garantir a disponibilidade de água limpa para as comunidades locais e para a preservação da rica biodiversidade amazônica.
Durante os estudos desenvolvidos em meu doutorado, analisei um gradiente no rio Negro que partia de uma região com baixa influência antrópica (reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé) até uma área de alta influência antrópica na frente da cidade de Manaus. Ao analisar este gradiente foi possível evidenciar a forte influência da urbanização sobre o rio Negro, não só diretamente na qualidade da água, mas também na composição de espécies de algas observadas. Apesar do que se fala acerca da capacidade de depuração do rio Negro em função do grande volume de água, é imprescindível que seja dada uma atenção para o mesmo no que diz respeito a qualidade do efluente que desagua em seu curso.
Não só o rio Negro sofre forte pressão da urbanização, mas também seus efluentes de grande importância, como por exemplo o Igarapé do Tarumã, ambiente que tem estado as voltas com a polêmica da retirada ou não dos flutuantes que aumentaram significativamente nos últimos anos neste corpo de água. Com relação a este último ponto, é muito importante que seja elaborado plano gestão da Bacia Hidrográfica, adicionalmente, estruturar regulamentações com diretrizes claras que devem ser adotadas visando a conservação destes ambientes.
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